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Olhos cansados

Olhos cansados. De ver TV, de checar o whatsapp milhões de vezes por dia por puro comportamento repetitivo - tipo abrir a geladeira pra ver se tem algo novo surgido do nada!  - de estar lendo no kindle ou escrevendo no laptop, olhos cansados. Preciso fechar mais o olhos e olhar pra dentro, observar o que se passa nos meus pensamentos, quais se levantam quando deixo que eles fluam livremente. Uso a imagem de um lago, que começa sereno, mas quanto mais observo meus próprios pensamentos de olhos fechados surgem bolhas em sua superfície e continuo a verificar qual pensamento se levanta, o que ele me diz, com o que sonho, o que me preocupa...  Na verdade tenho percebido que além dos meus olhos, minha alma está cansada. Cansada de tentar viver uma vida ideal, de querer que as pessoas ao meu redor vivam de maneira 'ideal' de acordo com a minha concepção do que venha a ser isso e viver assim é cansativo, exaustivo eu diria porque requer um grau de energia e esforço em tentar controlar

Um pouco depois do fim do mundo...

Pois é... dois anos de pandemia e ainda estou lidando com o abre e fecha, dentro e fora da vida que convive simultaneamente com o coronavírus, sarscov20. Não que tenha sido de fato impactada pelo vírus como aconteceu com a vida de várias pessoas que perderam entes queridos, sejam amigos ou familiares. Não perdi ninguém graças à Deus, mas percebo que perdi coisas em mim mesma, a exemplo do agravamento de certos aspectos de minha personalidade, tipo: querer ficar sozinha. Se antes já gostava de ficar só, depois do isolamento social e da campanha Fique em Casa principalmente em 2020, primeiro ano da Pandemia, essa tendência tem se mostrado dominante na minha vida: Simplesmente não quero ver pessoas. E isso inclui não perceber sequer a presença de pessoas ao meu redor. Ruído na escada do prédio me incomodam, ouvir sons de crianças brincando me incomodam - nem de longe trazem a esperançosa alegria de uma vida que vagarosamente 'volta ao normal'. Não quero que as coisas voltem ao nor

Não sou mãe.

Não sou mãe. E não sou apenas porque não tenho filhos. Mesmo que os tivesse, não seria mãe. Ou não seria o que a maioria das pessoas chama de mãe. Não sei criar crianças. No fundo acho que ninguém sabe. Orientar, dirigir, facilitar... Seja lá o que aqueles que chegaram aqui antes acham que devem a esses novos moradores. Mas algumas coisas parecem nunca se harmonizar: as escolhas que fiz e as que espero que os mais novos façam. De um lado parece que os mais velhos tendem a achar, pelo menos os que estão num certo nível dentro do padrão social esperado na época, que fizeram as melhores escolhas. Trilharam o melhor caminho. "Deram certo". Caminho esse que deve ser seguido, copiado, imitado.  Mas e se as pontes foram queimadas? Se não houver mais como? Se é que em algum momento houve essa possibilidade. Como se fosse possivel a história se repetir. Tenho a sensação disso não ser possível. O tempo passou. As oportunidades e escolhas também. Não há como exigir o mesmo de quem acabo

Inundações

Mal abro o olho e sou inundada por um mar de pensamentos. Sobre situações de ontem, principalmente remoendo as conversas vividas. Sobre possíveis situações de futuro, em regra, imaginando  possíveis conversas a serem vividas, além das conversas presentes que vivo mentalmente comigo mesma. Pelo visto existe algo que executo com a presença ou não de pessoas: conversas.  Gosto de conversas, que implicam espaços reais de fala e escuta, o que explica também minha impaciência em permanecer em espaços ausentes de diálogo. Percebo cada vez mais a necessidade de se ouvir vozes variadas, fruto da exposição dos diversos mundos internos pertencentes à intimidade do Outro e de mim mesma, quando ouço e me ouço atentamente. Há algo mais a ser dito/escrito/lido/ouvido, quando se é ofertada essa possibilidade de troca em ambientes acolhedores, interna e externamente.  Ambientes acolhedores que fomentem o diálogo. Essa é/foi/será o principal tema de conversa que inundo a mim e aos outros nos diversos am

Não sou eu

Essa é uma dor que precisa de papel pra passar. No caso, teclado, smartphone e internet. Preciso escrever pra me curar. Pra aceitar o fato que não sou eu a sua melhor companhia, não sou eu o objeto de seu desejo, não sou eu a sua primeira recordação. E isso dói, ainda dói, vai passar eu sei, mas preciso dizer. Dizer que pra mim mesma não pra ele que tá tudo bem. Tá tudo bem não ser lembrada, não ser desejada, não ser requisitada porque existe uma outra peessoa pra quem sou ou posso vir a ser tudo isso, em algum lugar, em algum pensamento, em alguma lembrança ou desejo que eu igualmente desconheço mas que escreve sobre mim.

3 horas é relativo

Durante 3 horas... Pode ser muito, pode ser pouco. Passei 3h na fila ou passei 3h na piscina nos evocam diferentes sensações e assim experimentamos a perceptiva relatividade do tempo. Ontem passei 3h conversando com um amigo. A ideia inicial do encontro não passou nem perto da conversa. Era só passar rapidinho "pra pegar o arquivo". E 3h depois estava eu me despedindo dele com a certeza de não ter se passado nem 30 minutos até o relógio me atualizar do tempo presente. Na verdade foi literalmente um presente essa conversa. Despretenciosa, inusitada, leve e cheia de conteúdo. Estive presente num tempo distendido. Não me surpreendi necessariamente pela duração da conversa pois ela em regra transcorre assim... O que me surpreendeu foi esse presente da vida. Pois ontem foi um daqueles dias em que planejei e segui o plano simplesmente porque estava na agenda. Não queria nada além que o dia acabasse. E logo e rápido. Até que...  ✅ pegar o arquivo  E o tempo ficou suspenso.  Durante

Insônia

Ninguém merece acordar às 4h da manhã pensando sobre a pergunta da Lagarta para Alice: Quem é você?  Sério?! Meu inconsciente quer falar sobre isso a essa hora? Dizem que as madrugadas são excelentes momentos de reflexão, eu porém e sinceramente prefiro estar dormindo. Mas Quem sou eu?? A primeira vez que Alice de fato consegue formular uma resposta ela se atém ao aspecto biológico: sou uma menininha... É basicamente isso que somos? Animais mamíferos, frutos da evolução habitando a Terra por um curto período sem qualquer outra razão de ser? Seria isso existir? Anotação mental - não tão mental assim é verdade - pesquisar sobre existencialismo. A essa pergunta da Lagarta se segue a do Gato de Cheshire: Pra onde você vai? Ao que Alice não se sai melhor do que a primeira. Ela também não sabia. E eu? Para onde vou? Não me saio melhor do que ela. Para onde eu, seja lá quem for, quero ir com tantas perguntas a essa hora da madrugada??